quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Cabloco tá manso


Eu que não só Chico
Caboclo de responsa
Não causo rebuliço
Dinheiro, Não tenho,
Mulher se foi ...

E você não vá sofrer de amor
Por mais forte que seja

E se tudo acabou
Não há razões para esquecer
A tristeza e o amor

Todos os poemas endereçados a ti,
As mandingas de amor,
O amor colocado em prova
Mal inflacionaram os sentimentos

Vou abusar das bebidas
Por que talvez ébrio
Tragam momentos de esquecimentos
E deslembraças

Escrito por Viníicus Reis

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Herói Marginal


Frenética mobilidade ideológica do comportamento
Não competitiva
Da maneira individual de ver o mundo
Híbrido como as águas dos oceanos
Tribos, tendências, resistência.
À perda da noção na escalada do desenvolvimento

Mas nem todos estão cegos ao que acontece
A memória tarda, mas não falha
Beats, Undergrounds
No exercício de alternativas de pensamentos, de comportamentos

Sublime, inflamável
Dissonantes em vozes psicodélicas
A orquestra desafinada, o concerto mundial da
Resistência cultural
Seja marginal, seja herói.

O ciclo não linear
Que emerge !


Autor: Vinícius Reis

terça-feira, 26 de maio de 2009

Psicodelírio

Rasante à noite.

Não há banda

Não há marcha

Sem escalas

Na calada.

Na calada noite

Diz-me o escuro

De fora

Raiar

E

Luzir

a

Dentro.

II

Canto do corvo

Sapiado

Já há madrugada!

__trilha de orquídeas

E o chão tremula

Roxo na volta

Pra casa

Passarada

Aziaga.

Bate estaca

À porta

E as solas

Funk

Ups

Cluber’s

Caldas

De

Tech-rai-kais.

III

A dança

Cheira

Á flor

Que

Engendra...

Transe-furor.

IV

Uma árvore

pisca

Psi

Psi

Psiu.

Psico...

Psico...

Psic...

De frouxo

Caule

folhas

Diáfanas...

Heis

Que dança

O homem!

Como

Se lhe

haja

só o vento

___sem

Tempo.


Autora:Vanuza Soares

Bossa Humana



De que são feitas as pessoas? Por que não são todas iguais, niveladas por cima?
Às vezes me vejo fazendo comparações estranhas. Penso, por exemplo, na música – sempre ela! – composta, na base, por apenas sete notas. Sons completamente distintos que, tocados um após o outro, se percebem únicos.
Todavia, quando as unimos em uma só peça, as notas deixam de ser apenas notas. Tornam-se acordes.
Se tocadas numa sequência lógica, formam escalas. Maiores, menores, cromáticas, pentatônicas, exóticas, diminutas, blues... São tantas!
Assim, pois, vejo as pessoas. Isoladas, sozinhas, são exclusivas. Emitem o seu próprio som, e nos revelam suas particularidades.
Mas, coloquemo-nas juntas. Formam um caleidoscópio brutal. Nem sempre harmônico. Aliás, quase nunca. Mas sempre sensível e interessante de ouvir.
Se as pessoas funcionam assim? Nem sempre. Às vezes sim, por um tempo, após o que, se desgastam. Assim é com a maioria.
Ressalvemos os casos mais raros, nos quais a união de pessoas soa como as notas musicais: eternas. Quem não já desejou que assim fosse? Longe das distorções, das dissonâncias. Afinados!
Mas só a música, meu caro, tem que soar dessa forma sempre. As pessoas, não. Acordes perfeitos são raros entre elas. A maioria desafina. Nem que seja de forma discreta e quase imperceptível, ali quase sempre tem uma nota atravessada.
A isso, na música, deram o nome de Bossa Nova.
Na vida, porém, há muito, muito mais tempo, alguém decidiu dar a tais “notas”, atravessadas e confusas, um outro nome: Humanidade.

Escrito por Sérgio Montenegro